BLADE - A LÂMINA DO IMORTAL
BLADE - A LÂMINA DO IMORTALEsse mangá, cujo nome original é Mugen no Juunin, foi criado em 1994, por Hiroaki Samura, e publicado na revista Afternoon, da editora Kodansha. Samura é um daqueles autores de mangá que nunca aparecem em fotos - avesso ao estrelato, ele recusa-se a ser fotografado ou aparecer em público. Até o momento, Samura está devendo o quinto e último arco da história. Foi lançado no Brasil em 2004, pela editora Conrad, mas infelizmente a publicação foi interrompida na edição 38.


Tecnicamente, BLADE OF THE IMMORTAL - o nome que o mangá recebeu no ocidente - é um gekigá, ou seja, um mangá dirigido ao público mais "maduro", pois a história não tem traços de humor, tem violência em doses cavalares e uma arte diferenciada.
Bem, o que mais surpreende em BLADE - o nome que recebeu no ocidente - à primeira vista é a arte. Samura mistura duas técnicas nas páginas do mangá: desenhos à lápis diretamente no papel em alguns quadros - alguns dos mais importantes - e o restante artefinalizado a nanquim, cheio de hachuras. Mais: as cenas mais violentas ele transforma em quadros elaborados como antigas pinturas japonesas - Samura é admirador confesso de Katsushita Hokusai, o famoso gravurista japonês que cunhou o termo mangá. Nem precisa dizer que o sangue escorre pelas páginas.
A história é surpreendente, pois Samura usa o enredo clássico de samurais para abalar o tradicional e pomposo discurso do bushido - o código de conduta dos samurais. Consequentemente, os personagens falam como gangues de rua de nossos dias, e não seguem nenhuma regra. Faz assim um contraponto a outro mangá lançado na mesma época no Brasil, o Vagabond de Takehiko Inoue, que apesar de tratar da mesma temática, é muito diferente de BLADE.

No início da história, Manji executa espetacularmente Joni Oufutsu (nome que homenageia Johnny Rotten, o vocalista da banda inglesa Sex Pistols), um padre católico assassino. O irmão de Joni, Shido Hishiyasu (homenagem ao guitarrista dos Pistols, Sid Vicious), para se vingar, rapta e mata Machi na frente de Manji - e, a seguir, é executado, junto com seu bando, pelo samurai. Desde esse trágico incidente, Manji, que não pode mais largar a espada, faz um acordo com Yaobikuni: para poder se livrar dos kessenchu e morrer, o samurai promete matar mil malfeitores.
Manji tem o corpo cheio de cicatrizes - como a que ele tem sobre o nariz - , é caolho - ele perdeu o olho direito durante a batalha contra o cunhado - e guarda dentro das roupas um verdadeiro arsenal de armas exóticas e letais - muitas delas pegas dos adversários que matou. Também é desbocado - fala muitos palavrões - e sarcástico quando quer. Não está nem aí para as regras de conduta samurai - como a de se banhar. Na sua roupa, está marcado o símbolo da suástica - porém, Manji não é nazista. Na verdade, os nazistas deturparam o sentido original sa suástica, um dos símbolos mais antigos do mundo. Não por acaso, a suástica é uma forma de escrever, em japonês, o nome do personagem.

Dois anos após o ocorrido, Rin está disposta a começar sua vingança contra Anotsu. O problema é que Rin domina apenas uma técnica, as "vespas douradas mortais", onde ela atira uma porção de punhais escondidos em seu quimono. Yaobikuni, que encontra Rin no cemitério, recomenda que a garota procure um guarda-costas para ajudá-la em sua vingança. É aí que Rin encontra Manji. A princípio, o samurai não quer ajudá-la por não ter garantias de que o pessoal da Itto-Ryu são mesmo malfeitores - no entanto, Manji reconhece em Rin o semblante da falecida irmã, e resolve ajudá-la a rastrear e eliminar os algozes de seus pais.
A primeira vítima de Manji e Rin é Kuroi Sabato (nome que homenageia a banda americana Black Sabbath). Além de grandalhão, Sabato é poeta e sádico - tem o estranho fetiche de costurar nos ombros as cabeças embalsamadas das mulheres pelas quais se apaixona. Uma delas foi justamente a mãe de Rin, e quis que a garota se suicidasse na frente dele, porque é apaixonado por ela. Manji vence, mas não sem sofrer um pouco antes.

O adversário seguinte da dupla é Eiku Shizuma, que, assim como Manji, possui os kessenchu no corpo. Este quase venceu Manji, pois ele conhece o kessensatsu, um veneno, a única coisa que pode destruir os kessenchu. Manji sofre bastante ao ser contaminado com o kessensatsu, mas consegue ser curado por Rin, que a seguir é raptada por Shizuma - ele coage uma velhinha a se passar por Yaobikuni. E em tempo de lutar contra Shizuma, que, contaminado com o veneno, é morto esquartejado.

Manji resolve, após esse embate, resolve treinar Rin. É aqui que constatamos que a garota é uma pessoa de espírito fraco, que chora por qualquer motivo. Ainda mais que Manji chega a ser duro com ela. Rin, enquanto se banhava no rio, encontra-se com ninguém menos que Anotsu. Ela tenta matá-lo, mas é dominada facilmente. Anotsu não a mata, mas após uma conversa com Rin, faz a garota questionar se a sua vingança é válida ou não.
A seguir, Manji e Rin se encontram com Araya, um fazedor de máscaras e antigo algoz de sua mãe. Ele tem um filho, Renzo, que não sabe da vida dupla do pai. Rin conhece Renzo em um festival, e através dele chega a Araya, que quase a mata. O combate entre Manji e Araya é violento e no pequeno espaço da casa do artesão. Rin, felizmente, consegue impedir que Renzo trilhe o caminho da vingança, após presenciar a morte do pai e "matar" Manji trespassado por uma lança. Quer dizer, Rin faz Renzo acreditar que matou mesmo Manji.
Rin, a partir daí, resolve superar suas fraquezas e, após se questionar bastante, tocar sua vingança adiante.


As sequências de luta não deixam a desejar. A arte de Samura chega a ser impactante. E ele ainda enriquece as edições com poemas escritos por ele mesmo, comentários irônicos e engraçados ao leitor, e uma seção especial, a "Loja de Armas 24 Horas", onde ele dá explicações sobre as armas usadas pelos personagens da série.
Talvez o maior pecado da série sejamalgumas soluções que parecem "forçadas", os diálogos longos que se estendem por muitas páginas - a tradicional lengalenga - e algumas sequências que chegam a ser cansativas, "paralisando" o mangá em alguns momentos.
Não é difícil encontrar em sebos ou gibiterias edições de BLADE. Para quem acha que mangá é tudo igual, eis uma amostra que pode melhorar os horizontes de quem gosta dos quadrinhos japoneses. Eu recomendo BLADE.
Na próxima postagem: BLADE, o anime. Sim! BLADE ganhou uma versão em anime! É dela que vou falar na próxima postagem.
Para encerrar, um desenho que eu fiz do herói Manji e suas diversas armas. Um herói que passa por cima de todas as regras. Num combate, para quê regras?
By: Maki
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